domingo, 7 de dezembro de 2008

A mídia não é culpada

O debate sobre a redução (ou não) dos números da violência em Pernambuco, convém lembrar, é um tema recorrente e antigo. Dele se ocuparam vários governadores num período recente e o aprofundamento no noticiário não coincide (como se pode pensar), com o aumento da violência, mas foi provocado por ela.
Mas não devem as autoridades da SDS de Pernambuco imaginar que a Imprensa se ocupa dele porque esse ou aquele Governo tomou posse. Se ocupa dele porque o nível de violência tem aumentado e, em até certo nível, se bestalizado. Noutro ela ficou tão comum à realidade social que é possível se fotografar crianças brincando próximas a um corpo a espera do caminhão do Instituto de Criminalística porque a presença do "rabecão" tornou-se comum. E isso é notícia.
O que parece acontecer com as autoridades policiais de Pernambuco é a constatação de que, apesar de todo o aparato operacional, procedimentos e recursos que estão sendo aplicados os resultados não estão aparecendo. E isso é mesmo frustrante.
Todos os atuais gestores certamente imaginaram no começo da gestão Eduardo Campos que os números cairíam. Que decorridos dois anos - como serão completado daqui a poucos dias - teriam números robustos que apontariam uma queda forte. Afinal é para isso que vêm trabalhando.
Mas isso, como se sabe, não aconteceu. E será difícil cair nos níveis desejados pelos gestores pernambucanos. E não cairá em Pernambuco porque não cairá no Ceará, no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Esta questão senhores não é só de Pernambuco. O que não nos isenta de trabalha duro para isso.
Então porque a crise do Governo com a Imprensa? Talvez porque os dirigentes da SDS tenham acreditado excessivamente que poderiam fazer diferente. O texto do Pacto pela Vida é um belíssimo documento onde um observador atento será capaz de datá-lo como típico dos primeiros dias de uma gestão quando os sonhos estão à flor da pele de gente que nunca esteve no Governo. Mas como se sabe não tinha um só número que tentasse mensurar os custos financeiros.
Talvez devesse conter uma frase simples já na primeira página dizendo que seria permanentemente atualizado. Talvez declarando uma coisa simples: indignação do novo Governo com cada morte banal.
O erro do governo na questão talvez tenha sido não abrir a conversa reconhecendo a grandeza da tarefa de reduzir a violência em Pernambuco. E sua insatisfação com isso. De revelar que segurança custa caro para um estado com recursos reduzidos. De mostrar para o cidadão contribuinte que é preciso aumentar o risco do crime. Risco que como todo negócio aumenta ou diminui diante da presença da polícia. Em manter a idéia quase adolescente de querer vencer a violência brigando com a Mídia. Em Pernambuco, senhores, vai perder sempre.
Por isso talvez fosse recomendável ter, a partir de agora, a humildade de mostrar que cada morte evitada é uma conquista a ser comemorada pela sociedade. Queixar-se da mídia só aumenta a idéia que não estavam maduros para o enorme desafio que lhe foi confiado.

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